JUAN RULFO RETRATA BARBEIRO DA DÉCADA DE 60 EM SEU LIVRO
Juan Rulfo |
Rulfo, morto em 1986 e considerado o maior escritor mexicano, também foi fotógrafo, ação que desenvolveu ao mesmo tempo em que escrevia seus contos e seu livro mais célebre. Mas parecia enxergar um abismo entre a ideia destrinchada em palavras e as imagens puras que enquadrava no negativo.
Uma espécie de solidão parece traspassar o primeiro conjunto de imagens publicadas no livro 100 Fotografias Juan Rulfo. Elas deixam escapar algo de uma história interrompida. São detalhes de prédios em ruínas ou abandonados ao tempo; em outro momento, surgem os monumentos de uma cidade moderna edificada; noutro, os trilhos que conduzem o leitor a imaginar caminhos. A paisagem dos edifícios desenha, por fim, o lugar: México; e estabelece a estética do fotógrafo que declinava do título em prol de outro: o de escritor.
Mas não apenas prédios, ruínas, desolação atraíam as lentes do escritor. Rulfo mostra as gentes mexicanas. A predileção era o povo simples, os rostos, os afazeres domésticos, as práticas cotidianas do povo que começam no interior das casas e se estendem pelas vilas das cidadezinhas do México. O escritor retrata os trabalhos que são feitos na rua, como o barbeitro retratado abaixo.
Cabeleireiro ao ar livre - década de 1960
O livro traz ainda textos do próprio Rulfo sobre fotógrafos: o mexicano Nacho López e Henri Cartier-Bresson. Os textos de Rulfo foram escritos em catálogos de exposições e republicados agora. As 100 fotos publicadas no livro não precisam de palavra alguma. A edição não traz legendas das 100 fotos na própria página, o que permite ao leitor apenas “mirar” as imagens, captar a luz, a sombra, os instantes do cotidiano do México em vários momentos do século XX.
100 FOTOGRAFIAS JUAN RULFO
Editora Cosac Naify, 140 págs
Preço médio: R$ 1
Fonte: Jornal Folha de S. Paulo
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