14 de abril de 2012

Barbearias e Cabeleireiros de Homens da Baixa e do Chiado


Os barbeiros são contentores de confidências, herdeiros de cirurgiões, dentistas, enfermeiros, letrados sem letras, que escreviam e liam cartas ao povo com a mesma suavidade de dizer por entre linhas recados cruzados entre clientes, enquanto aparam cabelos e barbas.
No imaginário de muitos de nós, existe um misto de medo, espanto e admiração pelos profissionais deste ofício, fruto do conjunto de ferramentas que utilizam ou utilizaram no seu trabalho (navalhas, pentes, tesouras, lancetas, ventosas, sabão, pedras de amolar, bacia de cobre, escalpelos, espelhos, escarificadores, alçapremas, turqueses e sanguessugas) e o grau de proximidade ou mesmo de intimidade no contacto com os clientes.
São inúmeros os paralelismos entre ir ao barbeiro e o contacto com o psicanalista ou a prática da confissão noutros tempos. O barbeiro sabe demais da intimidade e dos seus clientes e talvez por isso o seu poder social nas comunidades rurais permaneça activo. Em contexto urbano, o barbeiro do bairro recriou e talvez ainda recrie esta atmosfera tipicamente associada ao universo masculino.
Os barbeiros e as barbearias, continuam a ocupar um lugar central na vida de muitos bairros de Lisboa. A recuperação da memória social destes ambientes, continua a ser um desafio para a história e modos de vida na nossa cidade.
João J. Pissarra
Levantamento das Barbearias e Cabeleireiros de Homens da Baixa e Chiado(des

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