11 de dezembro de 2014

Manuel Paula disse...

Barbearia Palácio Elegante”: Memórias com mais de meio século

Como já referi em anteriores ocasiões, entrei como paquete na Barbearia Palácio Elegante em 1962. Trata-se de um espaço (já desaparecido), que se situava na Rua do Ouro em Lisboa, entre as ruas da Vitória e de São Nicolau. Era uma barbearia, essencialmente frequentada pela classe média e alta da capital: banqueiros, políticos (ligados ao regime), artistas, militares e nomeadamente profissões ditas liberais como advogados, médicos…. 
Sem querer enfatizar muito este aspecto sociológico, diria que tanto o “Palácio Elegante” como a Barbearia Rosa de Maio sita na Rua de São Nicolau, acolhiam a grande elite lisboeta. Recordo-me de clientes como o Coronel Kaulza de Arriaga; do banqueiro Jorge de Brito; lembro-me do jovem Vitorino de Almeida (posteriormente Maestro Vitorino de Almeida), que se fazia acompanhar de seu pai; lembro-me do jovem Carlos do Carmo, que de vez enquanto me pedia para ir à tabacaria do Rossio, que era ao fim da Rua do Ouro, colocar uma pedra no seu isqueiro…. 

A barbearia tinha mais ao menos 10 barbeiros (três dos quais eram os sócios da mesma),O Sr. Jerónimo , Sr. Neto e Sr. Santos. Quatro manicuras; uma auxiliar, que ainda hoje me recordo o seu nome: Stela, com a especificidade só de lavar as cabeças aos clientes, que na altura tinha muita saída, devido ao corte de cabelo à francesa, grande inovação da época e que na altura custava 40 escudos. A barba era salvo erro cinco escudos. Havia ainda, dois engraxadores o Duarte e o Júlio e uma senhora a Arlinda que cuidava do material utilizado pelos barbeiros. E, para completar esta apresentação à posterior, eu e mais outro companheiro, tínhamos um conjunto plural de funções: fazíamos recados aos clientes e também aos barbeiros e manicuras; cuidávamos do espaço, varrendo o chão e também ajudando os barbeiros em algumas tarefas e outras de âmbito mais restrito, como ir ao banco de Portugal na Rua do Comércio, trocar dinheiro para fazer face ao quotidiano da caixa da barbearia (os chamados trocos).
Um grande abraço para os amigos: Joaquim Pinto e Olímpio, ilustres representantes e profissionais desta nobre arte.
Manuel Paula

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3 comentários:

Olímpio disse...

Meu caro e respeitado colega.O seu texto é um pedaço de história da nossa profissão e que bem estruturado chegou á Figueira da Foz.Quero dizer, ao mundo da nossa classe! Que beleza de recordação da baixa de Lisboa, que tempo aquele em que as barbearias tinham esse estilo social.Fiz escola de senhoras na Rua Nova do Almada e na Rua do Crucifixo 50, Comi na Palmeira e poucas vezes os bifes no Galego , Agradeço muito este seu texto, porque os que se esquecem de onde partem,seguramente não sabem onde estão Aceite o meu abraço

Olímpio disse...

Meu caro e respeitado colega.O seu texto é um pedaço de história da nossa profissão e que bem estruturado chegou á Figueira da Foz.Quero dizer, ao mundo da nossa classe! Que beleza de recordação da baixa de Lisboa, que tempo aquele em que as barbearias tinham esse estilo social.Fiz escola de senhoras na Rua Nova do Almada e na Rua do Crucifixo 50, Comi na Palmeira e poucas vezes os bifes no Galego , Agradeço muito este seu texto, porque os que se esquecem de onde partem,seguramente não sabem onde estão Aceite o meu abraço

Manuel Paula disse...

Caríssimo amigo Olímpio Fernandes, muito obrigado pelo seu generoso comentário e dizer-lhe quanto admiro o seu percurso de vida, o qual eu tive a oportunidade e privilégio de constatar no seu blogue. Logo, se há alguém que merece ser elogiado e admirado é, o meu ilustre amigo.
Queria, aproveitar, este momento especial, para lhe desejar para si e toda a sua digníssima família, um bom Natal e um ano de 2015 de grande felicidade.
Aproveito, também, para desejar um bom Natal ao Sr. Joaquim Pinto e restante família e um óptimo ano de 2015.
Bom Natal e bom ano de 2015, para todos os visitantes do blogue.
Atenciosamente.
Manuel Paula

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