4 de novembro de 2010

PRESIDENTE DO CLUBE ARTISTICO DOS CABELEIREIROS DE PORTUGAL

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Entrevista

João Semedo

Presidente do Clube Artístico dos Cabeleireiros de Portugal, que não sabia e ele sugeriu que fosse para barbeiro: “É uma profissão tão gira.”
Assim foi. Como os valores no CEPAB eram um pouco altos, fui aprender a profissão com um barbeiro na Amadora, o Sr. Diogo. Na altura, eu tinha 15 anos e ainda estava a estudar, por isso, aproveitava as manhãs ou as tardes livres da escola para ir para o barbeiro, aprender.
A partir daí, qual foi o seu percurso?
Tive uma fase, num barbeiro, no Bairro do Bosque, onde dizia que não queria ser barbeiro;
o que eu queria ser era cabeleireiro de homens. Passado algum tempo, fui para um salão, na Ajuda, em Lisboa, o Lopes & Silva, onde quase ficava com o salão nas minhas mãos. Porque abria a porta às 9 horas da manhã e ficava sozinho até o patrão chegar, só às 10.30 ou 11 horas. Uma vez, um cliente chegou para fazer a barba, às 9.30 da manhã e eu não me fiz rogado. Fiz-lhe a barba!

Entretanto, tirei a Carteira Profissional e fui trabalhar para o Santos & Rebelo, em Campo
de Ourique. Foi o salão onde mais aprendi.
Fiz uns meses de férias no Bento, nas Amoreiras e, só depois, é que ingressei no Lorde, em 1989, onde permaneci durante 13 anos. Era um outro mundo, completamente à parte. O Lorde sempre recebeu toda a nata de Lisboa, antes e depois do 25 de Abril.
Passados esses 13 anos, abriu o seu próprio salão?

Em 2002, abri o meu Cabeleireiro de Homens,no Centro Comercial Palladium, na Praça dos Restauradores, em Lisboa, onde fiquei durante ano e meio. Depois, fui gerir o salão do Sr. Bento, onde estou agora.
Não sentiu nostalgia de deixar um espaço de que era proprietário?

Estava só com a minha colaboradora, a Rivane, e, na altura, tinha de gerir o meu salão, a minha empresa de catering e o meu trabalho no C.A.C.P.. Era complicado. Tive de abdicar da empresa de catering. Entretanto,
o Sr. Bento disse-me que achava o meu salão muito bonito, mas não tinha a dignidade de que eu necessitava para atender os meus clientes. Por isso, fez-me o convite de gerir o salão dele, na Rua Oliveira Martins, próximo da Avenida de Roma. Não sinto nostalgia, porque o Sr. Bento representa um nome de que gosto muito. Já tinha trabalhado com ele nas Amoreiras e, na altura, só saí porque não havia espaço para mim.

Portanto, não quis desperdiçar esta segunda oportunidade. Como está a ser o desafio de gerir o salão?
Tem sido engraçado, porque alguns clientes meus, que cortavam o cabelo no Lorde, já tinham sido clientes ali, quando eram pequeninos. Portanto, passados todos estes anos, voltam ao salão.

Aquela barbearia já existe há 47 ou 48 anos. Temos um cliente que vai lá desde os primeiros tempos. Diz-nos que não é cliente de nenhum barbeiro, mas sim cliente da casa. Estou no salão todos os dias, desde as 9 horas da manhã, até às 8 horas da noite e tenho a Sandra a trabalhar comigo. Portanto, neste momento, estamos só os dois, o que dificulta um pouco a gestão, nomeadamente em tempo de férias. Que serviços disponibiliza aos clientes?
Temos uma colaboradora, que veio do meu salão, que faz massagens shiatsu. Também temos depilações,   limpezas de rosto
“Nunca quis ser o número 1, mas se tenho de ser, sou-o.”João Semedo Cabeleireiro de homens, desde cedo se envolveu no desenvolvimento da profissão. Hoje, concilia a carreira no salão com a sua actividade enquanto Presidente do C.A.C.P.. Damos-lhe a conhecer o percurso de João Semedo.

Quando é que se iniciou no mundo dos cabelos?
Comecei por querer ser electricista, mas, apanhei um grande choque eléctrico, que desligou a electricidade do quarteirão inteiro. Por isso, afastei a ideia. Um dia, o meu barbeiro, José Manuel, na Amadora, fez-me aquela pergunta que se faz sempre aos meninos: “O que queres ser quando fores grande?” Respondi-lhe 13
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Começou quando o Sr. Alberto, através do Sr. Renzo, me convidou para apresentar as tendências, pelo Clube, em 1990. Depois, em 92, o António Sobral e o Tony queriam colocar um cabeleireiro de homens na equipa do Clube Artístico. O Sr. Alberto Abrantes indicou-me e passei a integrar a equipa do Clube para as apresentações, no Pavilhão dos Desportos.
Em 93, o Sr. Aristides convidou-me para estar presente nas reuniões de direcção, porque achou que tinha dinâmica e vontade de trabalhar. Após as eleições, assumi o cargo de secretário do conselho fiscal. Nessa época, o Clube tinha um computador que era o nosso “elefante”. Ninguém lhe mexia e eu achava que uma casa, para poder evoluir, tinha de se integrar nas novas tecnologias e, por isso, fui dando alguns incentivos.
Foi durante essa época que se realizaram as cinco Expo Hair. A de 1997, para mim, foi a melhor de todas, quando se realizou o campeonato nacional.

Como foi o seu percurso no C.A.C.P. até chegar à presidência?
Durante a direcção do Sr. Aristides, permaneci três anos como secretário do conselho fiscal e três anos como secretário da direcção. Depois, o Sr. Joaquim Pinto assumiu a presidência e eu a vice-presidência. O Sr. Pinto fez um mandato de três anos e, depois, tinha de se convidar alguém para presidente, porque o Tony estava com problemas de saúde e não queria. Pensou-se em muita gente. Chegou-se a equacionar a possibilidade de ser uma pessoa exterior à direcção. Mas não havia ninguém disponível. Então, tive de assumir a “brincadeira”. Nunca quis ser o número 1, mas se tenho de ser, sou-o. e, claro, os cortes de cabelo. As colorações não são muito habituais. É um género de serviço que não estava incutido nosanterior clientes do salão, nem nos clientes que me acompanham desde o Lorde. Todavia,
temo-nos apercebido do regresso dos serviços de barbear. Claro que não é como nos anos 70, em que os grandes senhores iam diariamente ao salão, fazer a barba e pentear o cabelo. As pessoas, actualmente,
não têm tempo. Mas, quando vão cortar o cabelo, fazem todo aquele ritual do barbear,que é agradável.
Ao longo do seu percurso, participou em competições de cabeleireiro?Participei pela primeira vez, em 89, na Figueira da Foz.

Nesse dia, o meu modelo faltou e eu avisei o Sr. Alberto Abrantes de que não ia concorrer.E le respondeu-me: “Ainda vais conseguir arranjar um modelo!” E consegui. Falei com um rapaz que trabalhava no Grande Hotel da Figueira. Ele tinha um cabelo horrível, dos piores que já cortei. Passei a manhã toda a preparar-lhe o cabelo, com cremes, para o amaciar o mais possível. Consegui concorrer e fiquei em 3º lugar.

Depois, só voltei a participar em 90 ou 91, também na Figueira da Foz, mas levei um modelo muito mau e fiquei em 5º lugar.Porque não voltou a competir? Costumo dizer que há três grandes leques de cabeleireiros: os de salão, os de competição e os de apresentação. Há pessoas que têm espírito de competição para apresentarem grandes trabalhos aos seus colegas. Há aqueles que gostam muito de apresentar novas tendências e técnicas. Eu não me enquadro em nenhum destes dois. Tenho o espírito de cabeleireiro de salão, mas, ao mesmo tempo, gosto muito do que faço em bastidores, relativamente à organização. Não gosto de estar em palco e, sempre que posso, evito-o. Como é que ingressou no Clube Artístico dos Cabeleireiro de Portugal?

O Clube é o maior amor da minha vida.Que balanço faz dos seus mandatos? Sinto-me muito feliz, porque, desde que sou presidente, o Clube tem-se desenvolvido sempre, com empresas, com espectáculos,
com sócios… O crescimento tem sido muito positivo, nomeadamente a manutenção do número de sócios desde o tempo do Sr. Aristides. No último ano, houve um bom de sócios, com mais de cem novas entradas. Claro que, entretanto, há alguns que vão desistindo. Mas, este ano, também já entraram 45 novos sócios, até à data, o que é muito bom.Tudo se deve ao espírito da equipa directiva: Paula Esteves, Suzete Guerreiro, Gil Almeida, Edite Abreu, Eugénio Volante, Carla Amador e Lúcia Pelicano. Quais as vantagens de ser sócio do C.A.C.P.?Damos apoio aos cabeleireiros, sempre que nos solicitam. Fazemos atelier técnicos para os sócios, onde os nossos formadores procuram que os cabeleireiros sejam muito interventivos e incentivam-nos. Uma das razões porque estamos a crescer, é porque tem havido muita intervenção dos sócios. Também fazemos o lançamento das linhas, todas as estações, dentro ou fora das instalações doClube.

Que projectos pretende realizar até terminar o seu mandato?
Nestes dois anos que me faltam, gostaria de organizar um campeonato semelhante ao que decorreu na Expo Hair, em 1997. Seria uma competição onde todos os organismos do país trabalhariam em conjunto, para designar membros de júri e realizar as várias eliminatórias e uma finalíssima. Este vai ser o meu último mandato, porque não quero cansar as pessoas com a minha imagem. Penso que dois mandatos têm a duração ideal para se colocar o trabalho a funcionar. E este já é o meu terceiro mandato. Por isso, quando terminar, estará na hora de outra pessoa assumir a casa. Gostava que o Clube tivesse, pela primeira vez, uma mulher para a presidência.

O Clube éo maior amor da minha vida
Edite Abreu, cabeleireira profissional e vice-directora financeira do Clube Artístico dos Cabeleireiros de Portugal, é irmã de José Mestre. Também conhecido como “homem sem rosto”, José Mestre foi recentemente noticiado na imprensa generalista devido às cirurgias a que foi submetido,nos Estados Unidos, para remoção do tumor que há anos lhe cobria o rosto. Para dar apoio ao irmão nos intervalos dos procedimentos cirúrgicos, Edite Abreu acompanhou José Mestre aos Estados Unidos, permanecendo em Chicago desde Julho. Estando, inicialmente, prevista a permanência por apenas dois meses, para a realização de duas cirurgias, revelaram--se, afinal, necessárias quatro cirurgias, o que prolongou a estadia até ao final do mês de Outubro.

Durante esse período, Edite Abreu teve de Equipa de cabeleireiros solidária com Edite Abreu abandonar o seu salão de cabeleireiro para poder acompanhar o irmão. Felizmente, pôde contar com o apoio de alguns colegas que mantiveram o seu salão aberto, atendendo as suas clientes. Judite Lima, Alexandra Alves, Isabel Cruz, Carlos Pedroso e Lúcia Pelicano formaram uma equipa solidária que dividiu os esforços para manter
os serviços proporcionados no salão de Edite Abreu durante a sua ausência.


Parabéns amigo João Semedo, e bons êxitos na sua carreira bem merecida que a despenha com grande profissionalismo
Um abraço Joaquim Pinto

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