19 de novembro de 2014

Manuel Paula Comentou com Saudades das Barbearias da Baixa

1 comentário:

Manuel Paula disse...
Caro Sr. Joaquim Pinto ,tenho uma paixão muito grande, pelas antigas barbearias da baixa lisboeta, guardando na minha memória, alguns barbeiros que tive o privilégio de conhecer.

Em 1962 com 12 anos, fui trabalhar para a barbearia Palácio Elegante como paquete. Nesse local lindo, eram sócios/patrões o Sr. Santos; Sr.. Jerónimo e o Sr. Neto (possivelmente já não estão entre nós? Quase que lhe podia enunciar todos os artistas/barbeiros que ali trabalhavam. O Costa, o José Maria dos Santos, o Mestre Chico. Nesse ano foi para lá trabalhar o Sr. João (que mais tarde salvo erro abre a Barbearia Brasília).

Em 1964 mudei-me para a Barbearia Rosa de Maio, onde era sócio gerente o Sr. João de Abreu. Nesse local estava o Magalhães (que vai passar posteriormente pelas barbearias Centra e Torres, respectivamente Rua da Assunção e Rua do Ouro. Na Rosa de Maio trabalhava o Jaime, que mais tarde em 1974 é sócio da barbearia Africana. Sinceramente tenho esses dois locais na minha memória histórica, Só lhe mencionei alguns nomes, mas podia-lhe mencionar os nomes de todos, desde engraxadores, manicuras etc. Na barbearia Palácio Elegante na Rua do Ouro, havia um barbeiro que se destacava pela sua veia artística, era o Sr. João, que salvo erro vinha da Rosa de Maio. O Magalhães era ao grande referência da Rosa de Maio.

Peço desculpa se por acaso exagerei neste meu comentário.

Um abraço


Queluz 18 de Novembro de 2014

Manuel Paula

Obrigado amigo Manuel Paula
Gostaria de falar consigo, que sou um apaixonado pela arte de barbearias
Um braço
Joaquim Pinto

3 comentários:

Manuel Paula disse...

Caro Sr. Joaquim Pinto
Agradeço desde já, toda a atenção dispensada e também o convite formulado.Um dia destes voltarei a colocar neste seu magnífico espaço, mais um pequeno texto, sobre as duas barbearias por mim anteriormente mencionadas: Rosa de Maio e Palácio Elegante.

Para concluir, deixe-me lhe dizer, que ainda hoje penso como foi possível, desmantelar um espaço antigo, com uma estética e beleza incomensuráveis, como era a barbearia Palácio Elegante, para dar lugar a uma agência bancária. Um pedaço da história da cidade que se perdeu para sempre….

Com toda a consideração.
Atenciosamente
Um abraço

Manuel Paula

Olímpio disse...

Que histórico foi o comentário do nosso colega Manuel Paula e sabem qual a razão?? Estava a ler e a lembrar-me da Barbearia Rosa de Maio, uma grande casa nessa época e sabem porquê ??Fis formação de cabeleireiro de senhoras e cheguei a trabalhar na Rua do Crucifixo 50, Salão Capilo, ainda lá está com o João Carlos, a baixa era um mundo e eu andei por ali uns anos .Também na Rua Nova do Almada, no Sr casimiro, por isso sei bem da categoria dessa barbearia Rosa de Maio Abraço para todos

Manuel disse...



“Barbearia Palácio Elegante”: Memórias com mais de meio século

Como já referi em anteriores ocasiões, entrei como paquete na Barbearia Palácio Elegante em 1962. Trata-se de um espaço (já desaparecido), que se situava na Rua do Ouro em Lisboa, entre as ruas da Vitória e de São Nicolau. Era uma barbearia, essencialmente frequentada pela classe média e alta da capital: banqueiros, políticos (ligados ao regime), artistas, militares e nomeadamente profissões ditas liberais como advogados, médicos….
Sem querer enfatizar muito este aspecto sociológico, diria que tanto o “Palácio Elegante” como a Barbearia Rosa de Maio sita na Rua de São Nicolau, acolhiam a grande elite lisboeta. Recordo-me de clientes como o Coronel Kaulza de Arriaga; do banqueiro Jorge de Brito; lembro-me do jovem Vitorino de Almeida (posteriormente Maestro Vitorino de Almeida), que se fazia acompanhar de seu pai; lembro-me do jovem Carlos do Carmo, que de vez enquanto me pedia para ir à tabacaria do Rossio, que era ao fim da Rua do Ouro, colocar uma pedra no seu isqueiro….

A barbearia tinha mais ao menos 10 barbeiros (três dos quais eram os sócios da mesma),O Sr. Jerónimo , Sr. Neto e Sr. Santos. Quatro manicuras; uma auxiliar, que ainda hoje me recordo o seu nome: Stela, com a especificidade só de lavar as cabeças aos clientes, que na altura tinha muita saída, devido ao corte de cabelo à francesa, grande inovação da época e que na altura custava 40 escudos. A barba era salvo erro cinco escudos. Havia ainda, dois engraxadores o Duarte e o Júlio e uma senhora a Arlinda que cuidava do material utilizado pelos barbeiros. E, para completar esta apresentação à posterior, eu e mais outro companheiro, tínhamos um conjunto plural de funções: fazíamos recados aos clientes e também aos barbeiros e manicuras; cuidávamos do espaço, varrendo o chão e também ajudando os barbeiros em algumas tarefas e outras de âmbito mais restrito, como ir ao banco de Portugal na Rua do Comércio, trocar dinheiro para fazer face ao quotidiano da caixa da barbearia (os chamados trocos).
Um grande abraço para os amigos: Joaquim Pinto e Olímpio, ilustres representantes e profissionais desta nobre arte.
Manuel Paula

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