
Era com estas peças que os que os barbeiros faziam as barbas noutros tempos, eraposto no pescoço do cliente, depois de cheio de agua para ensaboar a barba
Atentamente Joaquim Pinto
LINC: MUSEU do BARBEIRO e CABELEIREIRO
por ANSELMO BORGES Ontem14 comentários
Tradicionalmente, no quadro da definição clássica do homem: animal racional - ela traduzia Aristóteles: o homem é "o animal que tem Logos" (razão; melhor, linguagem) --, a filosofia e a teologia fixavam-se no "racional", esquecendo a animalidade. A cisão acentuou-se com Descartes, ao definir os humanos como "coisas pensantes" e "almas imortais", que contrapôs aos animais enquanto "máquinas".
Significativamente, Kant, que limitou os direitos à pessoa - os animais não têm direitos, nós é que temos obrigações para com eles -, não esqueceu a animalidade humana, empregando expressões como "Tiermensch" - o homem animal - e "Tierheit in Menschen" - a animalidade nos seres humanos. De qualquer forma, depois de Darwin, é inegável que a nossa espécie tem a sua origem em espécies pré-humanas. Por isso, já não é mais possível construir uma antropologia a partir "de cima": uma antropologia actual constrói-se a partir "de baixo".
No quadro da evolução, não se pode negar um parentesco entre os animais animais e o animal humano. Mas a transição entre eles foi quantitativa ou qualitativa? A sua diferença é de grau ou de natureza? Para entrar no debate, o melhor é comparar comportamentos nas suas semelhanças e diferenças, como faz o filósofo e teólogo Alexandre Ganoczy, numa obra inteligente, Christianisme et neurosciences.
Apesar de todas as semelhanças, não se pode ignorar as diferenças específicas que separam o homem do animal. Apontam-se exemplos.
O próprio Darwin, referindo-se à linguagem humana, falou do "poder quase infinitamente maior de associar os mais diversos sons e ideias". A linguagem duplamente articulada e a capacidade de discurso são algo que remete para a singularidade única do homem.
O prémio Nobel de medicina G. M. Edelman escreve que "somos os únicos animais capazes de falar, de modelizar o mundo superando o instante presente, de descrever os nossos estados anímicos, estudá-los, relacioná-los com os resultados da física e da biologia"; esta capacidade da "consciência de ordem superior" implica o poder de distanciar-se do mundo ambiente e de si, e é esta distância que nos permite criticar as nossas próprias acções.
É neste contexto que o neuropsiquiatra B. Cyrulnik fala de "transcendência", no sentido de superação, acrescentando que "não há transcendência animal, já que os animais se adaptam ao real". É neste distanciamento, próprio do homem, entre si e o que o rodeia e entre si e si mesmo que se realiza a liberdade, "tanto como poder de escolher como aptidão para tornar-se si mesmo", escreve Ganoczy, e também a aptidão para "elaborar culturas cada vez mais complexas e polivalentes".
Nem o desejo nem o prazer "são o próprio do homem, mas são-no a sua conjunção e o conhecimento da morte", escreve o neurologista J.-D. Vincent, que, evocando a sexualidade, chama a atenção para "o estranho face a face da copulação do homem e da mulher", significando uma personalização do sexo e criação de laços.
A. Damásio reconhece nos outros animais formas de consciência e um "proto-si", mas, como escreveu Jacques Lacan, "o poder de possuir o Eu na sua representação eleva o homem infinitamente acima de todos os outros seres vivos sobre a terra. Por isso, é uma pessoa".
Com estas e outras diferenças, a pergunta é inevitável: qual é a constituição do ser humano para poder fazer o que faz e ser como é, no contexto da evolução? Alguns continuarão a defender que a diferença é apenas de grau. O neurobiólogo J.-P. Changeux refere-se a uma evolução "que se pode julgar como qualitativamente nova das funções do cérebro do homem". O prémio Nobel de medicina J. Eccles, sublinhando a diferença qualitativa entre a linguagem humana e a linguagem dos símios, concluiu por uma descontinuidade ontológica. O neurobiólogo W. Singer não hesita em utilizar o termo "processo metafísico". Para outros, "emergência" e "fulguração" poderiam bastar.
O debate continua. Quem o trava são animais humanos. Esta é a diferença essencial.
Este artigo é de autoria de de ANSELMO BORGES, e foi publicado pelo Diário de Noticias no dia 24/04/201o
O grave problema é que a economia ancorou o seu desenvolvimento num ruinoso consumo-e que está nas tintas para sectores de economias,agora considerados tradicionais.
Naturalmente,perdi o contacto com a baixa de Lisboa, por volta dos anos 7o, mas nessa época não existia crise, fosse no que fosse , na baixa em Lisboa. Enquanto fazia formação em cabeleireiro de senhoras, cheguei a trabalhar aos sábados em barbearias,pois era uma ajuda para a minha manutenção, cujo quarto para dormir se situava na Rua da Bica.
Mas voltando ás barbearias e ao comercio generalizado,dessa época,e na baixa,apetece-me dizer que estes fenómenos,coexistem com o regime de arrendamentos urbanos e de casas envelhecidas, já que na baixa em Lisboa, também em Coimbra, Bairro Novo, Figueira da Foz,tornaram-se terras de ninguém, desertificadas, com a brutalidade do grande Capital,a impor as suas regras de nova ordem social,com a onda dos Centros Comerciais Até breve. Olimpio Fernandes.Figueira da Foz
30 de Março de 2010 04:26
Se estou já no patamar dos 70 anos,e porque julgo não possuir o estafado pretenciosismo,venho de novo manifestar-vos a minha opinião sobre a crise das barbearias, não só na baixa em Lisboa, porque não noutros locais.
Na anterior opinião,disse que a crise das barbearias,estaria nas transformações económicas e de consumo, sempre insensível a qualquer lógica local, desde que outras modernices viessem a propósito, em parte pode ser assim...Mas o caso da baixa de Lisboa, assim com em Coimbra, bairro Novo, Figueira de Foz, tem muito com o seu despovoamento,já que não havendo pessoas,as crises instalam-se!
A verdade é que surgiram outras ofertas de serviços mais aliciantes e modernas,super desenvolvidas, e o suporte do tradicionalismo não aguentou a concorrência.Por exemplo.
Aqui na Figueira da Foz,o Bairro Novo,com o seu Casino, foi á uns anos, uma zona envolvente no Verão, especialmente,com milhares de pessoas hoje está reduzida a metade, isto porque o Jumbo, tudo levou para o seu espaço, onde se estaciona,janta ou almoça,enfim.o publico tem tudo o que precisa.D
e certo,que na baixa em Lisboa,terá acontecido o mesmo fenómeno,mas vou abordar um tema controverso,na próxima opinião, ou seja a nossa tendência para o rame-rame e ai temos muitas culpas das crises que nos inquietam, porque não é em vão que a malta da pesada procura os Salões de Senhoras, algo nos compete disputar nessas exigências dos jovens,mas isso fica para a próxima, pois agora como cabeleireiro de Homens e barbeiro, estou atento, o mais que posso.
30 de Março de 2010 20:14