13 de outubro de 2009

CABELOS E SIMBOLOS


CABELOS E SÍMBOLOS

A história e a mitologia ligadas aos cabelos e ao seu corte são, geralmente, esquecidas, ou tratadas como apêndice em obras sobre a história do traje ou a simbologia do vestuário. Não são conhecidos, em Portugal, estudos da evolução do penteado ou da profissão de barbeiro.

No entanto, é indesmentível a quantidade de denotações que o cabelo encerra, dos tempos bíblicos de Sansão e Dalila ao provocante estilo hyppie, aos Beatles ou aos penteados co­loridos e marciais dos punks dos anos 80.

Ainda na Bíblia, Isaías ameaça os Hebreus com a cólera celeste, e prevê que o Senhor tornará calvos os filhos de Sião. Mas, mesmo na Bíblia, ter cabelo nem sempre é sinal de liga­ção com a divindade e de protecção celeste: Absalão fica preso numa árvore pelos seus cabelos, o que permite a Job apanhá-lo e matá-lo.

Todas as civilizações tiveram a sua própria mitologia li­gada aos cabelos e à barba. No Egipto, por exemplo, os fa­raós usavam perucas e barbas rituais, e a rainha Hatchepsout, um dos poucos soberanos do sexo feminino, é sempre repre­sentada nas gravuras da época usando peruca e barba pos­tiça.

Noutros cantos do mundo, a importância dada ao cabelo manifesta-se de outras formas: na trança dos mandarins chi­neses, no trofeu do escalpe dos índios da América do Norte, nas ofertas de cabelos aos deuses na Grécia antiga.

Berenice, mulher de Ptolomeu, oferecera a sua cabeleira a Afrodite para obter o regresso do seu marido da guerra. A cabeleira desapareceu do templo, e o astrónomo Cónon su­geriu que ela se tinha transformado numa constelação, que ainda hoje se chama Cabeleira de Berenice...

No entanto, a «guerra» entre barbeiros e cirurgiões foi uma constante até aos últimos séculos, com éditos sucessivos a mar­car a fronteira entre o que podia e não podia ser feito por

uns e por outros.

Em 1301, o preboste de Paris, Renaud Bardon, ameaça castigar severamente vinte e seis barbeiros que se entregam à cirurgia e proíbe-lhes semelhante actividade, pelo menos até que tenham sido examinados por mestres de cirurgia, para sa­ber se estão aptos para os cuidados médicos. Até aqui, por­tanto, o barbeiro podia ser também cirurgião, desde que «exa­minado».

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